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PROTOCOLO PÓS-CONFRONTO ARMADO: O QUE FAZER?

Atualizado: 26 de mar. de 2023

escrito por Hugo Rodrigues Ferres Busto


Neste artigo, discorreremos sobre os protocolos que devem ser adotados após um combate armado, ou seja, o que fazer após neutralizar uma ameaça. No entanto, antes de prosseguirmos, é importante destacar a diferença entre o mundo do tiro no estande e o mundo real.

Nos disparos realizados em estandes de tiro, geralmente utilizamos alvos de papel, metal ou qualquer outro objeto inanimado que não apresenta reação. Nesse contexto, basta acertar o alvo e verificar a pontuação obtida.

Porém, em uma situação real de combate armado, os disparos são realizados em seres humanos que possuem vida, reações e emoções. Após confrontar e neutralizar o agressor, é necessário verificar se este não representa mais perigo. É importante destacar que a neutralização pode ocorrer por meio de incapacitação fisiológica ou psicológica involuntária do agressor, ou ainda, pela desistência voluntária da ação violenta.

Diante dessa realidade, foram estabelecidos protocolos a serem seguidos após um confronto armado real. Dentre eles, podemos citar o famoso protocolo "Wyatt" / "F.A.S.T." / “AÇÕES MEDIANTE CONTATO”. Esse protocolo foi inicialmente criado por Lyle Wyatt e Andy Stanford e tem sido amplamente utilizado pelas forças de segurança em todo o mundo.


HISTÓRIA DO PROTOCOLO “WYATT” / F.A.S.T / AÇÕES MEDIANTE CONTATO.


Lyle Wyatt e Andy Stanford eram amigos, e ministravam instruções na empresa de treinamento, a MMI (The Martial Marksmanship Institute), que fornecia treinamento de fuzil a curta distância para fuzileiros navais no sul da Califórnia. Durante esse período, um grupo de fuzileiros perguntou a Lyle sobre as diferenças entre atirar e enfrentar uma situação de combate armado.

Lyle explicou que, em uma situação real de combate, é necessário lutar primeiro e, em seguida, verificar a eficácia dos disparos realizados. Caso seja necessário continuar lutando, deve-se observar o ambiente em busca de outras ameaças e, se for o caso, recarregar a arma e se preparar para um novo confronto.

A partir dessa conversa, Stanford desenvolveu o Protocolo Wyatt, que foi posteriormente codificado nas siglas F.A.S.T. (Fight, Assess, Scan, Top Off). Esse protocolo é amplamente utilizado por várias instituições em todo o mundo, mas com modificações de acordo com as necessidades de cada operador ou grupo operacional. No entanto, o protocolo permanece fiel à matriz criada por Lyle Wyatt e Andy Stanford.


PROTOCOLO “WYATT” / F.A.S.T / AÇÕES MEDIANTE CONTATO


Agora que temos conhecimento da história por trás do protocolo, vamos apresentar, inicialmente, apenas as traduções de cada sigla, enquanto mais adiante abordaremos cada etapa, bem como suas variações e adaptações para o cenário de combate urbano.

O protocolo F.A.S.T foi inicialmente criado por Lyle Wyatt e Andy Stanford, e suas siglas significam:


F = Fight (Lute)

A = Assess (Avalie / Acompanhe)

S = Scan (Escaneie)

T = Tac-Load / Top off the gun (Recarga Tática / Recarregue)


Após a utilização desse protocolo inicial, foram acrescentadas siglas criadas então por Andy Stanford e Paul Gomez o F.A.S.T.T.T.


F = Fight (Lute)

A = Assess (Avalie / Acompanhe)

S = Scan (Escaneie)

T = Top Load (Recarga Tática / Recarregue)

T = Take Cover (Proteja-se)

T= Take to Who Needs Talking (Fale com Quem Precisa Falar)


Em 2005, Andy Stanford e Paul Gomez adicionaram mais uma sigla ao protocolo, para abranger todas as etapas possíveis, permitindo que o operador fique em segurança e/ou execute ações de atendimento pré-hospitalar de combate se necessário, chamado de F.A.S.T.T.T.T.


F = Fight (Lute)

A = Assess (Avalie / Acompanhe)

S = Scan (Escaneie)

T = Top Off (Recarga Tática / Recarregue)

T = Take Cover (Proteja-se)

T= Take to Who Needs Talking (Fale com Quem Precisa Falar)

T = Top Down Check (Verificação de cima para baixo)


Agora que entendemos a evolução e as traduções do protocolo, vamos analisar separadamente cada etapa. Acrescentaremos opiniões técnicas com a intenção de melhorar o entendimento e a execução de cada fase.


FIGHT – LUTE


A etapa atual do protocolo é a luta armada, que consiste em neutralizar ou incapacitar a ameaça. Essa é a etapa mais crucial, pois a falha na luta armada pode resultar na morte do operador. É fundamental que o operador execute essa etapa com habilidade e conhecimento técnico adequados, envolvendo técnicas de tiro, manipulação do armamento e táticas de confronto armado.

A primeira sigla do rito refere-se às técnicas e habilidades necessárias para realizar a luta armada. O operador deve estar ciente de que precisa ter um conhecimento profundo em táticas e técnicas de combate armado para enfrentar um agressor armado de forma eficaz.

Além disso, é importante enfatizar que a luta armada é apenas uma das etapas do protocolo de segurança, que deve ser composto por outras etapas, como identificação da ameaça, avaliação da situação e tomada de decisão adequada. Também é importante destacar a importância de treinamento constante para aprimorar as habilidades do operador e garantir o sucesso do protocolo em situações de ameaça real.

Quando o operador decide enfrentar o inimigo, é crucial que ele utilize toda a sua capacidade cognitiva para colocar em prática seu conhecimento e treinamento, a fim de incapacitar ou neutralizar o alvo e sair vitorioso nessa primeira etapa.

O operador deve estar preparado para lidar com a ativação autônoma do sistema nervoso simpático, que é responsável por preparar o corpo para uma situação de perigo, como a necessidade de lutar ou fugir. Esse sistema é ativado quando o cérebro percebe um estado de emergência, o que leva a uma série de efeitos fisiológicos no corpo, incluindo aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, dilatação das pupilas e aumento da sudorese.

Embora essas modificações possam trazer benefícios para a ação, como aumento de força, agilidade, inexistência de dor e foco na ameaça, também apresentam alguns malefícios, como a perda da visão de perto em virtude da dilatação da pupila, dificuldade na execução de movimentos finos, pois o fluxo sanguíneo é direcionado para os músculos, prejudicando movimentos dos dedos e mãos, além de impactar o raciocínio lógico, tornando difícil pensar rapidamente em estratégias não treinadas, limitando-se apenas à execução de movimentos e protocolos treinados.

É importante ressaltar que a atividade do sistema nervoso simpático não deve ser vista como algo prejudicial, pois é uma resposta natural do corpo a uma situação de perigo. Portanto, é essencial que o treinamento de tiro e manipulação leve em consideração tanto os benefícios quanto os malefícios dessa ativação automática do corpo, de forma a maximizar o aproveitamento das variáveis possíveis e minimizar os efeitos negativos. Além disso, é importante destacar que o treinamento adequado pode ajudar a desenvolver a habilidade de lidar com essas modificações fisiológicas de forma mais eficiente, permitindo que o operador mantenha o controle emocional e execute as ações de forma mais precisa e segura.

Em relação à técnica de tiro, esta deve ser escolhida de acordo com o cenário encontrado. No entanto, é importante levar em consideração estudos e estatísticas relacionados à balística terminal. Sabe-se que o fator primordial para a incapacitação de um ser vivo é a localização precisa dos disparos. Além disso, é essencial que o projétil tenha um coeficiente de penetração adequado e seja capaz de destruir os tecidos do alvo, atingindo e destroçando órgãos vitais, grandes vasos sanguíneos, estruturas ósseas e o sistema nervoso central.


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Ao analisar friamente a situação, percebe-se que quanto mais disparos forem efetuados no alvo, maior será a chance de incapacitação. Portanto, em caso de ameaça, deve-se ser agressivo. Utilizar uma arma de fogo de forma agressiva significa disparar um grande volume de projéteis no alvo. A velocidade desses disparos deve ser ajustada de acordo com a distância, sendo extremamente rápida em distâncias curtas e diminuindo gradualmente à medida que a distância aumenta. Isso permite obter uma boa taxa de acertos e uma boa cadência de tiros. Seja rápido onde conseguir, e lento quando for necessário

O centro de massa do alvo é o melhor local para efetuar os disparos. No caso do corpo humano, o tórax é uma região com um tamanho adequado e pontos cruciais para a incapacitação. Os disparos nessa região podem resultar no colapso do sistema circulatório, uma vez que o tórax possui grandes vasos sanguíneos e órgãos vitais. Isso pode levar à perda massiva de sangue, fazendo com que o agressor perca a consciência e, eventualmente, venha a falecer. Além disso, o tórax também possui estruturas ósseas e o sistema nervoso central (medula espinhal), cujo atingimento pode levar ao desmonte mecânico do alvo, inabilitando sua ação em muitas situações.



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Após confrontada e eliminada a ameaça, passamos para a próxima fase do protocolo “Wyhatt”.


ASSESS – ACOMPANHAR / AVALIAR


O objetivo deste estágio é avaliar se a ameaça foi neutralizada e não oferece mais riscos de reagir, ou seja, se ela não tem mais a intenção de continuar sua ação de combater. Essa decisão pode ser involuntária, como em caso de incapacitação fisiológica e/ou psicológica, ou voluntária, quando o agressor desiste de sua ação por vontade própria.

A avaliação deve ser feita com segurança e, caso o alvo ainda queira reagir, o operador deve continuar enquadrando-o para poder combatê-lo de forma rápida. Em primeiro momento, é feita uma verbalização com o alvo e, posteriormente, o operador chega próximo e avalia a condição.

Ao avaliar e constatar que o alvo ainda possui vida, mesmo não demonstrando reação de combate, é necessário retirar a arma do seu alcance. É importante lembrar que, em locais com risco de terceiros terem acesso ao armamento do indivíduo neutralizado, a arma deve ser retirada do alvo, mesmo que este esteja sem vida, deixando-a em um local seguro em sua guarda.

Não devemos confundir o "Acompanhar" do protocolo F.A.S.T. com o fundamento de tiro "Follow Through", pois são coisas extremamente distintas. O que acontece é que a tradução de Follow Through (Seguir através) acabou sendo confundida com o “Acompanhar” do referido protocolo, o que foi ensinado erroneamente por um tempo no Brasil. Essa discussão já foi clarificada.

Em resumo, o follow-through nos fundamentos do tiro consiste em acompanhar o aparelho de pontaria a cada disparo realizado, conectando e enquadrando de forma consciente o aparelho de pontaria no alvo. Isso permite uma boa cadência e o acerto dos disparos no alvo pretendido.

Ao obter a certeza da eliminação do inimigo, o operador pode seguir adiante no protocolo.


SCAN – ESCANEAR


Considerando o significado literário da palavra "escanear", ela consiste em examinar algo minuciosamente. No contexto do protocolo, isso significa examinar detalhadamente todo o ambiente que nos cerca para nos certificar de que não há outras ameaças no local, pois sempre há a possibilidade de uma ameaça adicional. Se uma nova ameaça for identificada, ela deve ser combatida e neutralizada, e o protocolo deve ser reiniciado (voltar à estaca zero, ou seja, "Lutar").


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foto: Scaneamento no Curso Combate Veicular Universal Shooter e Fulgur Project


O escaneamento pode ser feito de várias formas, mas é comum utilizar a técnica de deixar o armamento em pronto alto ou pronto baixo para obter uma visão clara do ambiente.

No entanto, muitos operadores fazem esse movimento de forma inadequada, girando rapidamente a cabeça por cima dos ombros para obter uma visão de 360 graus. Esse método pode fazer com que novas ameaças passem despercebidas devido à velocidade do movimento.

A maneira ideal de realizar essa busca é de forma natural, movendo não apenas o pescoço, mas todo o corpo e fazendo pausas visuais para focalizar e identificar novas ameaças. Se possível, a arma deve acompanhar o campo de visão, permitindo que, ao localizar um agressor, ela já esteja na linha de visão e ganhando tempo para engajá-lo como alvo.

O processo de escaneamento segue uma ordem lógica: primeiro procuramos por pessoas, depois verificamos as mãos, onde a ameaça iminente pode estar (arma), e depois analisamos a região do quadril, comumente utilizada para esconder armas curtas. Se confirmarmos que a pessoa não é uma ameaça, passamos para a próxima, até escanear todo o local.

Ao identificar uma pessoa, utilizamos nosso "reconhecimento de padrões", que é uma opinião antecipada adquirida através da cultura local e experiências passadas. Isso nos ajuda a identificar o nível de perigo que essa pessoa representa. Esses padrões podem incluir roupas, atitudes, verbalização e outros comportamentos.

Devemos ter cuidado ao identificar nossas ameaças, pois pode ser que sejam cidadãos de bem ou aliados que já estavam no local ou chegaram lá devido a ação anterior. Portanto, o reconhecimento de padrões deve ser usado como uma ferramenta auxiliar para tomar uma decisão, mas não deve ser a única fonte de informação. Se tivermos dúvidas sobre a intenção de uma pessoa, devemos dialogar e examinar a situação com cuidado, pois não queremos ferir inocentes.

Após escanear todo o ambiente e certificar que não há mais ameaças imediatas, seguimos para a primeira letra "T" do protocolo.



TAC-LOAD / TOP-LOAD / TOP OFF – RECARGA TÁTICA - RECARREGUE


Agora, chegamos à etapa de verificar o nosso armamento para confirmar se ele está em condições de combate - municiado, carregado e sem anomalias. Para garantir a efetividade do armamento, ele deve possuir uma boa quantidade de munições em seu carregador após o confronto.


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foto: Recarga Tática no Curso Operador de pistola Habilidades Essenciais Fulgur Project


É difícil saber quantos disparos foram efetuados, e retirar o carregador da arma para verificar quantas munições restam não parece ser uma boa ideia, pois isso pode tomar tempo e atenção, deixando o operador em um cenário perigoso e desvantajoso, sem munições na arma e com sua atenção voltada para ela.

O melhor a fazer é realizar uma recarga tática, que consiste em pegar um carregador cheio, retirar o carregador usado da arma, inserir o carregador cheio e guardar o carregador usado consigo. Isso deixará o armamento em condições ideais. Também pode ser feita uma recarga emergencial/combate, que descarta o carregador usado e insere um carregador cheio. A técnica a ser utilizada dependerá do cenário em que o operador se encontra, pois o combate é dinâmico e não podemos engessar o protocolo.

Ainda há operadores que, após a recarga tática ou emergencial, realizam o golpe no ferrolho (puxar o ferrolho para trás e soltar) para garantir que o armamento esteja com munição na câmara. Às vezes, é melhor perder uma munição e garantir o carregamento.

Caso esteja utilizando uma arma primaria (arma longa) e no momento do combate esta apresentou pane, ou então acabou sua munição, o correto a se fazer, é realizar a transição para a arma segundaria (arma curta) o mais rápido possível. Após terminar o confronto, realizar o “The Check Drill”, que consiste em empunhar a arma curta com uma das mãos, deixando em condições de ser uso, caso necessário, e acessar a arma longa com a outra mão, realizando então fazer um check visual, para identificar a anomalia apresentada, descoberto o problema, colocar a arma curta no coldre e realizar a solução do problema da arma primaria o mais rápido que conseguir, deste modo garantindo sua funcionalidade.

Todo esse processo de manipulação deve ser feita na “área de trabalho” do operador. A área de trabalho em operações com armas de fogo refere-se ao espaço onde o atirador manipula a arma. É essencial que essa área proporcione ao operador uma visão clara e desobstruída do armamento, bem como facilite os movimentos necessários para manipulá-lo de forma precisa e eficiente. O local ideal para a área de trabalho é próximo ao rosto, pois essa posição oferece uma melhor visibilidade do armamento e é o ponto de referência para a maioria das tarefas que requerem precisão, como colocar uma linha em uma agulha ou digitar um texto em um celular. Além disso, a posição próxima ao rosto também permite que o operador se mantenha em uma posição confortável e natural durante a manipulação da arma, minimizando a fadiga e aumentando a precisão.

Por fim, é importante destacar que a área de trabalho deve ser projetada de forma ergonômica, levando em consideração o tamanho e a forma do corpo do atirador, a fim de garantir que ele possa manipular a arma com facilidade e conforto.

Lembre-se de que toda escolha tem uma renúncia e deve ser avaliada cuidadosamente pelo agente que fará a escolha da técnica a ser utilizada.


TAKE COVER - PROTEJA-SE


O momento atual exige a busca por um local seguro para se abrigar. O ideal é encontrar um anteparo que proporcione proteção balística. Caso não seja possível, localize uma cobertura que, embora não ofereça proteção contra disparos, permita se esconder e ter a vantagem da surpresa em uma possível ação.


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foto: Tiro Barricado no curso Operador de Pistola Aspectos Combativos Fulgur Project


Os abrigos mais comuns em ambientes urbanos são paredes de concreto, postes e árvores. Veículos também podem ser utilizados como abrigo e/ou cobertura, porém é importante saber quais pontos oferecem proteção balística, especialmente considerando que veículos nacionais geralmente têm pouca proteção balística.

Ressalto que o veículo deve ser usado apenas como ponto inicial caso não haja abrigos imediatos. É importante lembrar que automóveis são como "caixas de papelão", sem proteção balística adequada. O correto é sair do veículo o mais rápido possível e se abrigar em um local que ofereça proteção balística adequada.

Resumindo, as áreas marcadas em vermelho na imagem abaixo não oferecem proteção balística e servem apenas como cobertura, já que a maioria dos calibres consegue ultrapassar esses locais. As áreas em amarelo oferecem proteção relativa, pois calibres de baixa energia normalmente não conseguem ultrapassá-las, mas calibres de alta energia podem ter penetração. No entanto, a área é muito pequena para ser utilizada como barricada com segurança. As áreas em verde oferecem proteção balística adequada e podem ser usadas como barricada, pois possuem materiais abundantes, como ferro, aço e plástico, que oferecem resistência a projéteis de baixa e alta energia.


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Devido ao fato de os veículos se tornarem alvo principal dos agressores e servirem como ponto de enquadramento dos disparos, abrigar-se em um veículo pode não ser a melhor opção. No entanto, pode ser utilizada, desde que o operador tenha conhecimento e saiba escolher o melhor local para se proteger.

Se o ambiente não oferecer abrigos ou cobertura, o atirador deve se afastar do local de conflito para evitar ser um alvo fácil para novas ameaças que possam surgir na área. A distância favorece o atirador, pois de perto todos são excelentes atiradores.


TAKE TO WHO NEEDS TALKING - FALE COM QUEM PRECISA FALAR


Chegamos ao terceiro "T" do referido protocolo, que estabelece a necessidade de comunicação. Em primeiro lugar, é importante comunicar verbalmente com os aliados e dar prioridade para perguntar se estão feridos ou se o armamento está em condições.

Após verificar que todos estão em segurança e prontos para um novo combate, é hora de comunicar com terceiros, ou seja, as pessoas que estão no ambiente, a fim de verificar se a ação anterior produziu algum tipo de efeito colateral.

Este é também o momento para realizar uma comunicação rápida através de um rádio, caso o operador esteja com um, a fim de solicitar reforços ou uma equipe médica. Quando se fala em comunicação rápida, entende-se que é uma comunicação essencial, e não é o momento para comunicar os fatos para as autoridades a fim de proceder formalmente, mas para tratar de algo emergencial, pois ainda se encontra em perigo e não se pode perder tempo e atenção para comunicar todos os fatos, focando apenas na comunicação substancial.


TOP DOWN CHECK - VERIFICAÇÃO DE CIMA PARA BAIXO


Agora, na última fase do ritual, faremos uma verificação minuciosa em nosso corpo para nos certificarmos de que não possuímos nenhum tipo de ferimento. Essa verificação deve ser realizada de maneira visual e tátil, uma vez que, com o sistema nervoso simpático ativado, podemos não sentir a dor em alguns casos e acabar não percebendo uma lesão.


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foto: Aplicação de Torniquete no curso Stop the Bleed Fulgur Project


Por isso, devemos examinar nosso corpo de cima para baixo, verificando os locais de maior risco de lesão, como cabeça, pescoço, tronco, ombros, braços, antebraços, mãos, quadril, coxa, joelho, perna, tornozelo e pés. Ao passar a mão em cada membro, é importante verificar se há presença de sangue. Se encontrar algum tipo de ferimento, deve-se informar os companheiros imediatamente e, se possível, realizar o autoatendimento seguindo o protocolo "M.A.R.C".

O protocolo "M.A.R.C." é uma sigla que representa as seguintes etapas: M (Sangramento Massivo), A (Vias Aéreas), R (Respiração) e C (Calor). Em resumo, o protocolo M.A.R.C. é uma ferramenta importante para avaliar rapidamente uma pessoa ferida em situações de emergência e tomar as medidas necessárias para garantir sua sobrevivência. Ao examinar e não encontrar nenhum tipo de ferimento, é importante permanecer atento aos demais operadores presentes, prontos para prestar atendimento pré-hospitalar de combate, caso alguém precise. O atendimento pré-hospitalar de combate envolve uma série de procedimentos, desde a estabilização do paciente até o transporte para um centro médico adequado. É importante que todos os operadores estejam treinados e capacitados para realizar esses procedimentos, garantindo assim a segurança de todos.


CONCLUSAO DO PROTOLO “WYATT”


Podemos concluir que o protocolo é essencial para quem opera uma arma de fogo, pois ele passa por etapas cruciais após um confronto. Vale ressaltar que o protocolo não é algo fixo, ele fornece diretrizes a serem seguidas, mas não é necessário seguir rigorosamente cada etapa.

Como já mencionado, o combate é dinâmico e o operador deve usar suas habilidades e conhecimentos para decidir o melhor caminho a seguir. Os protocolos são um conjunto de informações, decisões, normas e regras definidas oficialmente. Eles auxiliam na assimilação dos conhecimentos durante os treinamentos, os quais devem ser executados de maneira rigorosa, pois o que é fácil de ser executado em um treinamento, pode se tornar difícil em uma situação real, e o que é difícil no treinamento, pode se tornar impossível de executar durante um combate.

Portanto, é necessário que o operador treine as técnicas e protocolos de maneira consciente, passando pelo filtro individual, que consiste em verificar se a técnica ou protocolo é adequado para si. Posteriormente, deve-se passar pelo filtro material, que representa a eficácia do material utilizado pelo operador, como armamento, equipamento, veículo, entre outros. Por último, deve-se passar pelo filtro do mundo real, para garantir que tudo o que foi escolhido seja eficaz em uma situação real de combate. Não adianta ter técnicas e protocolos mirabolantes e impressionantes durante os treinamentos, se eles se tornam impraticáveis durante um confronto real.

Analisando o Protocolo "WYATT", entende-se resumidamente que a primeira fase, "Combater", tem como objetivo eliminar o oponente. Em seguida, vem a fase "Avaliar", que consiste em certificar que o alvo foi neutralizado. Depois vem a fase "Escanear", que verifica o ambiente em busca de novas ameaças. Após com o "Recarregue", o qual representa, deixar o armamento em condições, ou seja, carregado. Além disso, a etapa de "Proteja-se" pode ser incluída, executando tudo em conjunto, ao escanear, ao deixar o equipamento pronto e procurar um abrigo, agilizando ainda mais o processo. Por fim, o operador deve "Fale com quem precisa falar" e executar a "Verificação de cima para baixo".

Nada impede o operador de inverter a ordem desse processo, cabendo a ele examinar a situação e não ficar preso ao protocolo, pois podem surgir situações não esperadas, exigindo que o atirador execute o que for necessário para sobreviver.

Este é um estudo rápido sobre o referido protocolo, e fica claro a eficiência desse ritual. No entanto, é importante ressaltar que um combate armado é muito mais complexo do que o que foi dito neste artigo. Existem muitos outros fatores que complementam a técnica de tiro, manuseio do armamento e das táticas de confronto armado. Portanto, é primordial treinar e buscar conhecimento em todas as áreas, somente assim o operador conseguirá ter um bom aproveitamento em situações reais.

Como resume o agente de Polícia Federal e professor de Armamento e Tiro Douglas Agrelli: "Você não precisa de regras para tudo, mas precisa seguir princípios". Por isso, é importante treinar muito para que os movimentos e reações se tornem inconscientes, sendo executados de forma natural e rápida em situações de estresse.

Seguir essa linha de raciocínio é a mais inteligente, mantendo-se simples, mas eficiente. É claro que o treinamento pode ser muitas vezes elaborado e deve ser difícil, contudo, precisa ser condizente com a realidade.

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@fulgurproject




Fontes de consulta:

https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/sistema-nervoso-simpatico https://infoarmas.com.br/acoes-apos-confronto-armado/ Gomez (2015) – https://www.recoilweb.com/monday-morning-gomez-the-wyattprotocol61017.html

4 comentários


C35BA TÉCNICAS & TÁTICAS
C35BA TÉCNICAS & TÁTICAS
12 de mar. de 2023

Parabéns pelo material!

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Lorean Azevedo
Lorean Azevedo
18 de mar. de 2023
Respondendo a

Obrigado pelo feedback, e parabéns pelo seu trabalho ⚡️

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